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Os riscos enfrentados pelas mulheres que trabalham no período noturno

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          Somente no ano de 2018, a Central de Atendimento à Mulher (telefone 180) registrou mais de 1 milhão de atendimentos, uma média de 98.800 por mês e cerca de 3.200 por dia. A organização realizou a pesquisa neste ano, a qual aponta ainda um aumento de 25,78% em relação a 2017 para os casos de denúncia, número este estimado em 92.663 ligações.

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        Apesar de não haver dados específicos referentes ao período noturno, é possível afirmar, com base nos depoimentos colhidos pela reportagem, que muitas mulheres já sofreram assaltos ou outros tipos de violência enquanto estavam indo ou voltando do trabalho no período noturno. A jornalista Stephanie Mendes de Oliveira, 23, que atua na BoxNet, passou por uma situação dessas, justamente um dia antes da entrevista. “Eu estava na linha azul (do metrô) vindo para o trabalho e conversando com um amigo. Do nada, um homem chegou por trás de mim e tentou puxar o celular da minha mão”, conta, com os olhos demonstrando incertezas, já que apesar ter ser sido só um susto, não se sente segura. “A questão da segurança é inexistente, porque o transporte está praticamente vazio. Funcionários (dos trens e metrôs) também é muito pouco, no máximo estão na catraca, e então, o que acontece na plataforma ou ponto de ônibus à noite (...) É deserto”, avalia.   

    Comediante, Thainan Bartolomeu Friseda, 28, está acostumada a trabalhar à noite quando faz apresentações de standups. Apesar de contar piadas que podem descrevê-la como alguém que não se importa muito com os problemas, a mulher passou por situações que a deixaram com receio de trabalhar no período noturno. “Acho que o (caso) mais grave que aconteceu comigo foi de estourarem o vidro do meu carro e pegarem o celular e a bolsa. Depois disso, saíram correndo”, comenta. Esse foi só um dos momentos difíceis que Thainan enfrentou. Ela conta que houve um episódio em que precisou correr, pois achou que seria assaltada: “eu corri no meio da Avenida Paulista”, diz, constrangida.

         

    Há diversas campanhas de conscientização sobre a violência contra a mulher, como a da Organização das Nações Unidas (ONU) - criada em 2008 - e a do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) - criada em 2019, com o tema “Salve uma mulher”. Apesar dessas iniciativas, na prática, as mulheres ainda se sentem muito inseguras.

         

      A fotógrafa Bárbara da Silva Girão, 22, trabalha fotografando casamentos, aniversários, chás de bebês e outros eventos. Ela passou por uma situação complicada ao voltar de um desses eventos. Antes de ir efetivamente para casa, Bárbara precisa passar pela empresa de fotografia para deixar os equipamentos usados na festa. Para isso, utiliza a Rodovia Anchieta para se locomover. Por volta das 2h30, avistou dois motoqueiros e percebeu que seria alvo de assalto, já que viu que eles conversavam entre si apontando para o carro dela. Com medo, acelerou o carro até 140 km/h e fugiu desesperadamente, até encontrar uma blitz policial. “Eu vim rezando para casa”, conta.

         

   Infelizmente, há muitas Stephanies, Thainans e Bárbaras no Brasil e no mundo. Ou pior, mais alguns números para constarem em pesquisas.

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Serviço:

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O número 180, da Central de Atendimento à Mulher, funciona 24h por dia.

Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da USCS - 2019

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